Após 20 anos fechado, a Prefeitura de Macapá reabriu nesta sexta-feira, 25, o Parque Zoobotânico Municipal, conhecido agora como Bioparque da Amazônia Arinaldo Gomes Barreto, localizado na Rodovia Juscelino Kubitschek, na Fazendinha. Cercado de grande simbolismo e memórias afetivas que marcaram a infância da metade da população da capital que frequentou o antigo espaço, os macapaenses mais novos terão a oportunidade de conhecer o maior parque em área urbana da Região Norte, com 107 hectares, que abrange três ecossistemas e atuará com o conceito inovador de pesquisa, de turismo sustentável e promoção da cidadania, além de ser uma amostra completa da floresta amazônica, dos seus ciclos e conexões.
Ainda de acordo com prefeito Clécio, a prefeitura investiu mais de um milhão e meio de reais no Bioparque da Amazônia. “Contamos com emenda do ex-deputado federal Evandro Milhomem, que foi uma das primeiras emendas destinadas ao parque, em 2015, conseguimos resgatar, além disso, outra emenda, no valor de R$ 400 mil, do deputado federal André Abdon e investimos mais de um milhão e meio para poder reabrir com este novo formato. Fizemos adaptações nos logradouros dos animas que ainda permanecem no espaço. Temos 31, no total, nestes espaços e centenas soltos na fauna de pequeno e médio porte, como preguiças, quatis e cutias; pássaros como tucanos, araçaris, pica-pau, marrecas, garças, papagaios e muitos outros; além das várias espécies de peixes encontradas na ressaca. O Bioparque é uma amostra completa da floresta amazônica, dos seus ciclos e conexões. A experiência deste lugar será uma das mais incríveis e inesquecíveis para crianças, adolescentes e adultos. Além disso, nenhuma placa vai dizer que o prefeito Clécio construiu, edificou, mas vamos dizer que nós reabrimos o parque que estava fechado há 20 anos. Quero agradecer a todos da minha gestão, os servidores do Bioparque, pois todos nós somamos esforços. O legado do Sacaca, de quem começou essa história, não será esquecido”, enfatizou.
“Esse é um dia especial para todos nós, revitalizar o espaço. E saber gerir os recursos com responsabilidade é acompanhar de perto e ver o retorno do seu trabalho como parlamentar. A prefeitura está de parabéns pela condução dos recursos”, frisou o deputado federal André Abdon. O responsável pela emenda de um milhão, ex-deputado federal Evandro Milhomem, agora secretário de Estado da Cultura, falou que é uma alegria enorme ver o parque reaberto após vinte anos fechado. “É uma felicidade enorme ver este espaço aberto novamente e de uma forma grandiosa, com espaços lindos. Ver nossa Amazônia toda aqui dentro é muito bom saber que contribuímos para isso, e parabenizar a gestão do Clécio que é super responsável com o dinheiro público’’, enfatizou.
Criado em 1973 por Raimundo dos Santos Souza, o “Sacaca”, o parque era inicialmente um espaço para resgatar animais silvestres acidentados durante a construção da estrada que liga Macapá ao porto de Santana. Conhecido na época como Parque Florestal da Cidade, foi das matas do complexo que saíram as mudas e sementes que contribuíram com a arborização do que hoje são as dependências do Instituto Emílio Goeldi, de Belém (PA), e fazem parte também do acervo do Jardim Botânico, do Rio de Janeiro, o mais completo herbário do mundo sobre a Amazônia.
Uma das possibilidades de visitação é o Memorial das Orquídeas de Teresa Leite Chaves, nome dado em homenagem à criadora Terezinha Leite Chaves Pinto. O Orquidário do Bioparque tem apenas sete meses e abriga espécies nativas, catalogadas graças ao projeto Orquídeas do Amapá. Ao todo, são 242 espécies de orquídeas e 74 de bromélias mantidas por meio do trabalho dos agentes e da parceria com o Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa).
Atuar em conjunto com pesquisadores e educadores na missão de educar para a sustentabilidade. Todos os espaços construídos foram pensados com foco nessa missão, em especial o meliponário, um local de criação de abelhas nativas da Amazônia, conhecidas como abelhas sem ferrão. A área é acessada por meio de uma trilha e composta por diversas colmeias, onde é desenvolvida a meliponicultura, que é o manejo das abelhas.
Um dos animais que há muitos anos vivem no parque e acompanhou todo o processo de mudança é o urubu-rei, que, apesar de não ter apelido, além do nome de espécie, é conhecido por todos pela sua idade. Com aproximadamente 60 anos, é o urubu-rei mais velho que se tem notícias no Brasil. Funcionários veteranos que já cuidam do animal há décadas contam que ele foi o primeiro a chegar, já adulto e cego. A demanda especial fez diminuir as expectativas sobre a ave, mas ela resistiu e já tem o dobro da idade que marca a expectativa de vida de animais da sua espécie.
Um espaço de encontro entre ecossistemas formado por floresta de terra firme, cerrado e campos inundados (áreas de ressaca), denominado Ecótono, será mais um ponto para visitações no Bioparque da Amazônia. O termo é um conceito de uma região resultante do contato entre dois ou mais biomas fronteiriços. São áreas de transição ambiental, onde entram em contato diferentes comunidades ecológicas, ou seja, a totalidade da flora e fauna que faz parte de um mesmo ecossistema e suas interações.
Pensando na inclusão e acessibilidade, o Bioparque da Amazônia terá acessibilidade para pessoas com deficiência e locomoção reduzida. Mais de 1 km de superfície tátil fixada no chão compõe o espaço e auxiliará na locomoção de deficientes visuais. O Bioparque da Amazônia contará com um Jardim Sensorial, com a proposta de facilitar acesso a todos, permitindo uma experiência direta do público com o ecossistema amazônico. “O jardim conta com diferentes pisos, onde será possível diferenciar a textura de uma para a outra quando mudar de local, com corda para guiar quem tem deficiência visual. E as pessoas poderão pegar, sentir o cheiro e a textura das plantas, além da fonte, que estimulará a questão auditiva”, informa a diretora. Para cadeirantes, o Bioparque possui locais bloquetados que permitem o trânsito desse público no espaço. Também é possível encontrar um balanço adaptado para pessoas que usam cadeira de rodas.
O Bioparque da Amazônia oferecerá seis trilhas ecológicas nas versões terrestre e aquática para a prática de caminhadas, passeios ciclísticos e de canoa, com auxílio de monitores (guias). As trilhas são as seguintes: Guarda-Parque – possui quatro quilômetros de extensão e poderá ser percorrida de bicicleta; Ressaca; (Terrestre 700m), Sacaca, que recebe este nome em virtude de ter sido criada por Raimundo dos Santos Souza, que foi um grande pesquisador de plantas medicinais, conhecido popularmente com o mesmo nome do percurso (Terrestre 700m); Aquática Ressaca do Tacacá (2,6 km); Onça (Terrestre 330m) e Pau-Brasil (330m).
Considerado o maior parque em área urbana da Região Norte, o espaço inovador de turismo sustentável traz o reaproveitamento de materiais por todos os cantos. A queda de sete angelins, por exemplo, deram vida a uma das novidades do parque, que é a casa na árvore, além de um coreto, totens e esculturas de animais. Já as dezenas de bancos e mesas que compõem diversos ambientes foram feitos com madeira doada e também retiradas do rio Amazonas, por meio do projeto Viva Orla da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Todo esse material ganha vida nas mãos dos artesãos, que vão esculpindo e dando forma ao novo parque.
O Bioparque da Amazônia oferecerá para o público uma Casa na Árvore construída sobre troncos de árvores de angelim e massaranduba, de três metros de altura. O espaço foi construído em madeira, materiais leves e poderá ser utilizado para a diversão das crianças. A casa tem capacidade para 10 a 15 pessoas. A casa foi construída com dois objetivos básicos. O primeiro deles é proporcionar aos visitantes a sensação de estar próximo da copa das árvores, nas alturas, sentimento de liberdade. O segundo é trazer a lembrança da infância, com aquele desejo de construir uma casa na árvore, o público também terá essa nostalgia.
Sendo um parque com grande diversidade de biomas, o Bioparque será uma grande vitrine para estudos acadêmicos e instituições de pesquisas, como Ibama, Embrapa, Iepa e universidades, que utilizarão o espaço para expor produtos e trabalhos científicos, interagindo com a sociedade. Além da estrutura voltada para atender as visitas orientadas e integradas à conservação ambiental, há calçadas sinalizadas, espaços recreativos acessíveis para usuários com dificuldades de locomoção e crianças.
O novo Bioparque será também um espaço para desenvolvimento da ciência, por meio de parcerias com universidades e fundações de pesquisas do Amapá e outros estados. A reabertura do Bioparque faz parte do projeto Macapá Rumo aos 300 anos, que, por intermédio de um planejamento estratégico, visa desenvolver Macapá em diferentes aspectos, com investimentos em inovação, tecnologia e sustentabilidade.
Estiveram presentes no evento os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e a sociedade civil.
Fonte: Ascom/PMM
Fotos: Gabriel Flores / Max Renê / Nayana Magalhães