Após 20 anos fechado, a Prefeitura de Macapá reabriu nesta sexta-feira, 25, o Parque Zoobotânico Municipal, conhecido agora como Bioparque da Amazônia Arinaldo Gomes Barreto, localizado na Rodovia Juscelino Kubitschek, na Fazendinha. Cercado de grande simbolismo e memórias afetivas que marcaram a infância da metade da população da capital que frequentou o antigo espaço, os macapaenses mais novos terão a oportunidade de conhecer o maior parque em área urbana da Região Norte, com 107 hectares, que abrange três ecossistemas e atuará com o conceito inovador de pesquisa, de turismo sustentável e promoção da cidadania, além de ser uma amostra completa da floresta amazônica, dos seus ciclos e conexões.
Com uma série de atividades que envolvem lazer, ciência e bioempreendedorismo, a partir da reabertura, a população poderá visitar o espaço de terça a domingo, das 9h às 17h. Às terças-feiras, a entrada é de graça para todos. Idosos acima de 60 anos e crianças até 5 anos terão direito a entrada gratuita. Professores da rede pública municipal e estadual, estudantes, crianças de 6 a 12 anos, pessoas com deficiência e seu acompanhante, cadastrados no CadÚnico, doadores regulares de sangue, portadores de câncer e doenças degenerativas, pessoas com transtorno do espectro do autismo terão direito à meia-entrada. Os demais grupos pagarão uma taxa de entrada única de 10 reais.
Durante a solenidade de reabertura, o anfitrião da festa, o prefeito de Macapá, Clécio Luís, relembrou que a gestão municipal foi construindo condições necessárias para poder reabrir o parque, e que este momento é histórico para o macapaense. “Em 2003, o Zoobotânico foi fechado por recomendação do Ibama para se adequar à legislação ambiental, como ampliação dos logradouros dos animais, por exemplo. Uma das maiores dificuldades encontradas ao longo do tempo foi a falta de recursos para a execução dos reparos e adequações ambientais. Em um dos orçamentos, o valor estimado necessário para a obra chegou a cerca de R$ 17 milhões. Mas não desistimos e fomos construindo condições necessárias para hoje entregarmos esse lugar que é fantástico e já é referência, integrando o ecótono, animais e pessoas em busca de desenvolvimento sustentável e inovação em pesquisa científica, pois Macapá tem grandes diferenciais, como a floresta preservada, e o Amapá tem a menor taxa histórica de desmatamento e maior área protegida entre os estados da Amazônia, com 73% de preservação”, ressaltou.
Ainda de acordo com prefeito Clécio, a prefeitura investiu mais de um milhão e meio de reais no Bioparque da Amazônia. “Contamos com emenda do ex-deputado federal Evandro Milhomem, que foi uma das primeiras emendas destinadas ao parque, em 2015, conseguimos resgatar, além disso, outra emenda, no valor de R$ 400 mil, do deputado federal André Abdon e investimos mais de um milhão e meio para poder reabrir com este novo formato. Fizemos adaptações nos logradouros dos animas que ainda permanecem no espaço. Temos 31, no total, nestes espaços e centenas soltos na fauna de pequeno e médio porte, como preguiças, quatis e cutias; pássaros como tucanos, araçaris, pica-pau, marrecas, garças, papagaios e muitos outros; além das várias espécies de peixes encontradas na ressaca. O Bioparque é uma amostra completa da floresta amazônica, dos seus ciclos e conexões. A experiência deste lugar será uma das mais incríveis e inesquecíveis para crianças, adolescentes e adultos. Além disso, nenhuma placa vai dizer que o prefeito Clécio construiu, edificou, mas vamos dizer que nós reabrimos o parque que estava fechado há 20 anos. Quero agradecer a todos da minha gestão, os servidores do Bioparque, pois todos nós somamos esforços. O legado do Sacaca, de quem começou essa história, não será esquecido”, enfatizou.
O novo complexo agora possui diversas trilhas de diferentes níveis de dificuldade, amplo espaço para piqueniques, orquidário, redário, espaços de interação, meliponário, trilha aquática, tirolesa e o ecótono, que é uma área de transição entre três ecossistemas: a mata de terra firma, o cerrado e a ressaca. Emocionado, o presidente da República em exercício, Davi Alcolumbre, disse que 25 de outubro será histórico para todo povo do Amapá. “Fico feliz em estar aqui, neste momento tão especial. Ver uma obra dessa importância, social, cultural e de preservação do meio ambiente dentro da cidade, é maravilhoso. Hoje, estou como presidente do Brasil em exercício e assinarei o decreto que transfere terras da União para o Amapá. Com a assinatura do decreto de regularização de nossas terras, estaremos fazendo a nossa história e, com certeza, promovendo a perspectiva de um futuro melhor para todos nós. Além disso, parabenizo o prefeito Clécio pela grande entrega, que tenho certeza que será um dos símbolos de sua gestão. Articularemos com o Governo Federal para transformar o Bioparque como centro de pesquisa”, concluiu.
Segundo o senador Randolfe Rodrigues, essa reabertura é um marco. “Há 20 anos fechado, o Bioparque está sendo entregue novamente ao povo do Amapá, com uma biodiversidade rica em um dos maiores parques da Região Norte da área urbana. Tenho certeza de que o amapaense terá este lugar como um santuário e ajudará a cuidar”, ressaltou. De acordo com o senador Lucas Barreto, o parque levar o nome de seu pai é uma honra. “É um lugar de vida, e ter o nome do meu pai como homenagem é lembrá-lo em vida. Quero agradecer ao prefeito Clécio e toda a equipe pela forma carinhosa como estão reconstruindo esse lugar e entregando para todo o Amapá. É muito importante, eu fico feliz, e nós, da família, nos sentimos honrados com a homenagem”, disse Lucas Barreto, filho de Arinaldo Gomes Barreto, patriarca da família Barreto, que leva o nome do parque.
“Esse é um dia especial para todos nós, revitalizar o espaço. E saber gerir os recursos com responsabilidade é acompanhar de perto e ver o retorno do seu trabalho como parlamentar. A prefeitura está de parabéns pela condução dos recursos”, frisou o deputado federal André Abdon. O responsável pela emenda de um milhão, ex-deputado federal Evandro Milhomem, agora secretário de Estado da Cultura, falou que é uma alegria enorme ver o parque reaberto após vinte anos fechado. “É uma felicidade enorme ver este espaço aberto novamente e de uma forma grandiosa, com espaços lindos. Ver nossa Amazônia toda aqui dentro é muito bom saber que contribuímos para isso, e parabenizar a gestão do Clécio que é super responsável com o dinheiro público’’, enfatizou.
O prefeito de Kourou, François Ringuet, disse que o Bioparque da Amazônia está lindo e admira o trabalho que foi feito para poder reabrir o complexo. O estudante do 4º ano da Escola da Municipal Caetano Dias Tomaz, Pedro Quaresma, cantou o hino de Macapá com muita emoção e disse que o Bioparque será uma sala de aula dentro da floresta. “Estou ansioso para conhecer e vir com meus colegas para cá, será muito legal, pois aprenderemos juntos como cuidar, amar e preservar a nossa natureza”, ressaltou.
Origem do parque
Criado em 1973 por Raimundo dos Santos Souza, o “Sacaca”, o parque era inicialmente um espaço para resgatar animais silvestres acidentados durante a construção da estrada que liga Macapá ao porto de Santana. Conhecido na época como Parque Florestal da Cidade, foi das matas do complexo que saíram as mudas e sementes que contribuíram com a arborização do que hoje são as dependências do Instituto Emílio Goeldi, de Belém (PA), e fazem parte também do acervo do Jardim Botânico, do Rio de Janeiro, o mais completo herbário do mundo sobre a Amazônia.
Orquidário
Uma das possibilidades de visitação é o Memorial das Orquídeas de Teresa Leite Chaves, nome dado em homenagem à criadora Terezinha Leite Chaves Pinto. O Orquidário do Bioparque tem apenas sete meses e abriga espécies nativas, catalogadas graças ao projeto Orquídeas do Amapá. Ao todo, são 242 espécies de orquídeas e 74 de bromélias mantidas por meio do trabalho dos agentes e da parceria com o Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa).
Meliponário
Atuar em conjunto com pesquisadores e educadores na missão de educar para a sustentabilidade. Todos os espaços construídos foram pensados com foco nessa missão, em especial o meliponário, um local de criação de abelhas nativas da Amazônia, conhecidas como abelhas sem ferrão. A área é acessada por meio de uma trilha e composta por diversas colmeias, onde é desenvolvida a meliponicultura, que é o manejo das abelhas.
Urubu-rei
Um dos animais que há muitos anos vivem no parque e acompanhou todo o processo de mudança é o urubu-rei, que, apesar de não ter apelido, além do nome de espécie, é conhecido por todos pela sua idade. Com aproximadamente 60 anos, é o urubu-rei mais velho que se tem notícias no Brasil. Funcionários veteranos que já cuidam do animal há décadas contam que ele foi o primeiro a chegar, já adulto e cego. A demanda especial fez diminuir as expectativas sobre a ave, mas ela resistiu e já tem o dobro da idade que marca a expectativa de vida de animais da sua espécie.
Ecótono
Um espaço de encontro entre ecossistemas formado por floresta de terra firme, cerrado e campos inundados (áreas de ressaca), denominado Ecótono, será mais um ponto para visitações no Bioparque da Amazônia. O termo é um conceito de uma região resultante do contato entre dois ou mais biomas fronteiriços. São áreas de transição ambiental, onde entram em contato diferentes comunidades ecológicas, ou seja, a totalidade da flora e fauna que faz parte de um mesmo ecossistema e suas interações.
Inclusão e acessibilidade
Pensando na inclusão e acessibilidade, o Bioparque da Amazônia terá acessibilidade para pessoas com deficiência e locomoção reduzida. Mais de 1 km de superfície tátil fixada no chão compõe o espaço e auxiliará na locomoção de deficientes visuais. O Bioparque da Amazônia contará com um Jardim Sensorial, com a proposta de facilitar acesso a todos, permitindo uma experiência direta do público com o ecossistema amazônico. “O jardim conta com diferentes pisos, onde será possível diferenciar a textura de uma para a outra quando mudar de local, com corda para guiar quem tem deficiência visual. E as pessoas poderão pegar, sentir o cheiro e a textura das plantas, além da fonte, que estimulará a questão auditiva”, informa a diretora. Para cadeirantes, o Bioparque possui locais bloquetados que permitem o trânsito desse público no espaço. Também é possível encontrar um balanço adaptado para pessoas que usam cadeira de rodas.
Trilhas terrestres e aquáticas
O Bioparque da Amazônia oferecerá seis trilhas ecológicas nas versões terrestre e aquática para a prática de caminhadas, passeios ciclísticos e de canoa, com auxílio de monitores (guias). As trilhas são as seguintes: Guarda-Parque – possui quatro quilômetros de extensão e poderá ser percorrida de bicicleta; Ressaca; (Terrestre 700m), Sacaca, que recebe este nome em virtude de ter sido criada por Raimundo dos Santos Souza, que foi um grande pesquisador de plantas medicinais, conhecido popularmente com o mesmo nome do percurso (Terrestre 700m); Aquática Ressaca do Tacacá (2,6 km); Onça (Terrestre 330m) e Pau-Brasil (330m).
Sustentabilidade
Considerado o maior parque em área urbana da Região Norte, o espaço inovador de turismo sustentável traz o reaproveitamento de materiais por todos os cantos. A queda de sete angelins, por exemplo, deram vida a uma das novidades do parque, que é a casa na árvore, além de um coreto, totens e esculturas de animais. Já as dezenas de bancos e mesas que compõem diversos ambientes foram feitos com madeira doada e também retiradas do rio Amazonas, por meio do projeto Viva Orla da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Todo esse material ganha vida nas mãos dos artesãos, que vão esculpindo e dando forma ao novo parque.
Casa na árvore
O Bioparque da Amazônia oferecerá para o público uma Casa na Árvore construída sobre troncos de árvores de angelim e massaranduba, de três metros de altura. O espaço foi construído em madeira, materiais leves e poderá ser utilizado para a diversão das crianças. A casa tem capacidade para 10 a 15 pessoas. A casa foi construída com dois objetivos básicos. O primeiro deles é proporcionar aos visitantes a sensação de estar próximo da copa das árvores, nas alturas, sentimento de liberdade. O segundo é trazer a lembrança da infância, com aquele desejo de construir uma casa na árvore, o público também terá essa nostalgia.
Vitrine de pesquisas
Sendo um parque com grande diversidade de biomas, o Bioparque será uma grande vitrine para estudos acadêmicos e instituições de pesquisas, como Ibama, Embrapa, Iepa e universidades, que utilizarão o espaço para expor produtos e trabalhos científicos, interagindo com a sociedade. Além da estrutura voltada para atender as visitas orientadas e integradas à conservação ambiental, há calçadas sinalizadas, espaços recreativos acessíveis para usuários com dificuldades de locomoção e crianças.
O novo Bioparque será também um espaço para desenvolvimento da ciência, por meio de parcerias com universidades e fundações de pesquisas do Amapá e outros estados. A reabertura do Bioparque faz parte do projeto Macapá Rumo aos 300 anos, que, por intermédio de um planejamento estratégico, visa desenvolver Macapá em diferentes aspectos, com investimentos em inovação, tecnologia e sustentabilidade.
Estiveram presentes no evento os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e a sociedade civil.
Fonte: Ascom/PMM
Fotos: Gabriel Flores / Max Renê / Nayana Magalhães